3.9.06

Pensamentos e olhares...

Às vezes, se quer desabar. Parar de ver o mundo rodando, independente da força que se faz contra seu movimento. O pensamento arquiteta tudo o que se quer, ao mesmo tempo em que calcula o que não se pode ter. As procuras são sem sentido: só se sabe a forma, mas não o conteúdo. Mas mesmo assim, a procura continua. Mesmo sabendo que existem coisas que não se procura, ela não cessa.
O mundo, ah, este continua seu movimento. E o olhar que parece alheio a tudo só queria participar da festa, poder fazer um pouco da força que ajuda a pôr o mundo em sua trajetória aleatória, alienante. O olhar que queria se traduzir em ação. Em dar à forma a sua substância. O olhar que já não sabe para onde mirar, mas que procura qualquer ponto onde possa repousar. Busca criar um repouso qualquer, mas logo sua concentração é quebrada por um movimento ligeiro que desvia sua atenção para um outro ponto. E assim, de ponto em ponto, o olhar vai se perdendo. Olha para trás e lamenta, olha para os lados e se perde, e, por mais que tente, não consegue olhar para frente. Não tem um ponto posto ao qual se concentre sem precisar virar a cabeça, sem perder a atenção. Perde-se em cada ponto que tenta eleger como referência. Sabe que essas coisas não se inventa. Mas, também sabe que não pode esperar que as coisas entrem no seu campo de visão; também tem que procurar pelo que quer ver.
E o olhar já não sabe onde está. O pensamento toma suas rédeas, ora incentivando-lhe, ora deseludindo-lhe. Também o traz à realidade. Tira-lhe das idealizações que costumeiramente constrói. E, quando o pensamento falha, a experiência se encarrega de mostrar quão cego é o olhar. Mostra o ponto que não é. A linha torta sobre a idéia reta. A realidade sobre a idealização.
E nessa briga, o olhar novamente se perde. Precisa de seu ponto, mas este lhe escapa. Quando acha que o encontrou, ele foge. Depois, já não quer mais o ponto. Tem medo de focar, sabendo que mais uma vez pode ser uma ilusão, e não só de ótica. Mesmo quando acha que deve focar, não o faz. Talvez porque a nitidez seja impossível, talvez porque o olhar é pequeno demais para o que se quer observar...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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5:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

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